quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Perifeérico - diário de bordo - anotação 01

Tudo começou quando eu assisti ao espetáculo "III" (de uma companhia sem nome mas convencionalmente chamada de Atores independentes) no ano passado no Festival brasileiro de teatro. Nunca mais tinha assistido algo que tivesse me tocado tanto no sentido do tesão à vontade de fazer. A poética, a estética e o trabalho denso dos atores no espetáculo me chamaram muito a atenção. Fiquei realmente encantado com o trabalho e foi a primeira vez que vi o Rafael na vida.
Depois foi o "6 meses aqui" que me fez mais uma vez ficar estupefato com o trabalho num sentido geral, e assumindo um teatro que eu particularmente gosto muito: sem muita dependência cênica quanto ao espaço, iluminação, etc, e onde o jogo das atrizes era o que dizia o que era e o que não era. Fiquei muito emocionado. O baque foi tamanho que eu acabei caindo doente no dia seguinte, acometido por uma febre delirante causada por uma inflamação das amigdalas e da faringe. Mas esses dois espetáculos foram fundamentais pro que eu quero começar a fazer hoje. Agora. Nascer e morre a cada segundo.
Não lembro como conheci o Rafael...mas aí ele acabou entrando no processo de um curta que a gente tá trabalhando até hoje, do mesmo jeito capenga e apaixonado que a gente faz teatro. "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Em certo momento do trabalho ele me convidou pra fazer parte de um processo com um texto autoral chamado "Perifeérico" que ele já estava montando. Eu fiquei com um pé atrás, por estar planejando começar um processo com o Lucas e com a Ana, mas como nada é certo nesse mundo, aceitei. Ele me entregou o texto, mas só fui lê-lo de fato um pouco antes de nós realizarmos nosso primeiro encontro, mais por falta de tempo e preguiça que por desinteresse. O texto é incrível, e o personagem caiu como uma luva. (deixo claro que isso pode ser uma faca de dois gumes pra/o mim/ator)
A montagem vai ter como base o pra construção o trabalho com as máscaras, o clown, e também referência na comédia Del'arte. Estaremos ensaiando no prédio do SIT (Sistema Integrado de Teatros) ás Segundas, Quartas e Sextas-feiras pra adiantarmos o processo.

Nos encontramos pela primeira vez nessa segunda-feira(09/08) na Etdufpa, conversamos um pouco, e só estávamos esperando o Renato Torres (que escreveu o poema "Perifeéricos" o qual Rafael se baseou pra começar a escrever [e que coincidentemente foi musicado pelo meu pai]) chegar pra irmos pro SIT, pra conversar e começar a definir a questão da musical. Uma questão foi jogada pelo Rafael: ele quer um espetáculo onde haja música acústica, que dê tom ao espetáculo mas que não se pareça com um musical. Vamos ver como isso vai ser resolvido. O Renato não vai poder nos acompanhar agora no início, iremos trabalhar com indicações dele, que serão acompanhadas pela Gabi que tem um tato mais técnico pra música. A primeira indicação que ele nos passou foi ouvir tudo (Como estou ouvindo agora esse teclado, esse mouse e esse cachorro do vizinho latindo).
Nós também começamos a ler o texto, a Krishna já tinha uma cena pronta por já estar no processo, na opinião do diretor a cena perdeu um pouco, e pra mim faltou um vigor com relação ao corpo. Está faltando um ator que viajou e que volta na próxima semana. Espero que ele consiga nos acompanhar quando chegar. Bendito seja o dia em que um processo não tenha problemas com falta de ator!

Enfim
É um prazer muito grande estar entrando nesse processo com uma paixão intacta, e dizer que tenho certeza que eu quero agora pra minha vida, ainda mais estar voltando pro lado de gente que começou comigo na escola, como a Krishna, Kaká Carvalho (Karllana Carvalho hahah) e o Maurício que vai nos orientar na questão do figurino. Ainda tem as novas parcerias como o Rafael e a Gabi. Na verdade esse processo vai ser uma redescoberta, e uma descoberta de vidas que agora se encontram e voltam a se encontrar pelo teatro.

Agora é trabalho! ir atrás do corpo, da voz, da cuca, enfim do meu confuso e apaixonado "Dermont" que se parece tanto comigo que estou seriamente precisando me anular pra poder começar a inalá-lo.

Um comentário:

mauricio franco!! disse...

Já tem um tempo esculto por ai dizer que não se faz mas teatro em Belém do Pará...
loucura!!!
tem gente fazendo porque se não fizer... acaba!
a vontade, porque tudo é dificil!
a força, por que profissionais da area deixam de acreditar na terra!
o delirio,porque tudo o dinheiro compra!
mas, nós não somos artistas?!!!
então, a criatividade diz:

-poís não são artistas??!!!
façam arte!!!
e é do caralho saber que aquilo que vc ficou dias em claro descobrindo, jogando e estigando outros jogadores, no final... serve de que? serve pra que? só pra mim? meus companheiros?
NÂO!!!
é todo mundo!!!
e os perifericos tem essa mesma energia!!!
isso é bom, muito bom!!!