sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sonho da Noite

Estava registrando a cidade com uma câmera. Ia pela Avenida Nazaré, vinha do Centro. Algo me levava rápido, mas não acredito que tinha algum transporte. Então voava em direção a São Bráz, ou estava de bicicleta. Quando passei pela Quintino, olhei para trás e vi alguns veículos (ônibus, caminhões, carros de som) que anunciavam o Círio com balões amarelos e brancos. Era dia do Círio, mas não tinham milhões de fiéis nas ruas. Não havia ninguém na verdade, mas sabia: era Círio. Estava naquele largo próximo ao Nazaré. A Basílica era por lá. Agora chamo Basílica mas era outra igreja, grandiosa porém simples e rústica. A imagem da Santa ao centro e uma grande cruz. Estavam se preparando para começar um ritual, talvez pra começar a procissão, estavam sacerdotes e sacerdotisas enfileirados esperando algo para começar. Na hora em que os vi, não percebi claramente, mas eu também participava do ritual, sentado ao lado deles - agora me parece os banquinhos que tem na Tenda Miry. Então primeira sacerdotisa foi à frente para começar o ritual, era uma mulher de Igreja Protestante (o que me admirou muito, talvez a tenha relacionado com a Luterana) Ela tinha cabelos grisalhos cheios, na altura dos ombros e usava um hábito cor de Vinho - me lembrou o rosto que eu imaginava a fada Morgana das Brumas de Avalon - fazia a oração numa língua ininteligível ao mesmo tempo em que gesticulava com vivacidade. Gestos de benzimento. Era forte a presença dela, senti empatia imediata pela mulher mas ela também causou estranhamento e incômodo, talvez por não entender o que ela dizia. Associei com a língua dos anjos. Olhava para os lados para ver como as outras pessoas na igreja reagiam. Não tinha ninguém. Depois ela voltou pra fila, e outra sacerdotisa foi à frente. Ela era morena, magra, cabelos pretos amarrados em coque. Também usava um hábito, com uma faixa azul. A priori parecia uma coroinha, mas quando ela se chegou a frente para reverenciar o altar, começou a dançar como se dança no terreiro, era bonita dançando, soltou os cabelos. Senti medo por ela, por estar naquela Igreja no Círio fazendo aquilo. Mas não haviam reações, nem pessoas. Ela falava enquanto dançava, a ideia do que ela falava é de que todos tinham o direito de adorar à Santa. Ela ofereceu algum objeto que lembrava uma cabeça. Depois ela saiu, não sei se voltou ou simplesmente sumiu. Aí apareceu saiu homem negro grande e forte que não estava de hábito. Usava uma tanga e estava todo pintado. Ele tinha um chicote que batia e fazia estalar na igreja.  Foi à frente dançando com o chicote. Depois dançou por toda a Igreja estalando o chicote. Ofereceu algo no altar também. Enquanto o via senti uma força muito grande naquele chicote. Não tinha nenhum teor sexualizado nisso. Quando ele passou por mim, virei-me de costas e ele começou a me dar chicotadas nas costas, mas eu não sentia dor. Não sei se ele batia com menos força do que batia pelos cantos da Igreja. Não sentia dor.

Nenhum comentário: