quinta-feira, 17 de março de 2011

Meu amigo,

Acredito nessa situação proximamente longínqua em que me encontro, no mundo antigo, no velho mundo flutuante, que sabes muito bem que não acredito existir. Não posso ignorá-la. E quando, mesmo antes do meu nascimento e tomada de insconsciência e falta de respeito para com o que se pensa comumente, - que possui um certo teor de respeito imbecil, mas que acredito necessário para...para que? Para o descanço de minhas próprias costelas que guardam minha bomba de sangre que por várias gerações que pude assistir através de colagens fotográficas e notas de falicimento em minha família que por se entregarem ao que eu não sei explicar inflaram-se de fanatismos, dor e desilusão. Sim - não sei como continuar esta frase. Hoje o sol não apareceu. Choveu. Lembrei de Belém. Mentira.

Não sei se quem se inflama de ideias se perde em sua própria fumaça, é o que eu vejo, mas chega de paralelismo. Sei que não existe velho. Repito, não existe! Existe o agora. A pelvis e o ânus na mesma engrenagem. E não preciso de ninguém para me confirmar, para me aplaudir - só quero trocar isso contigo, sei que isso nos fortalece.
Meu pensamento em ti, meu amigo. É isso e basta: os meus dedos procurando dar sentidos, transmitir meu calor para o teu próximo presente, para assim entrar em contato comigo pelas cavidades absurdas da amizade, que muitos ignoram (nós não!) ou que lidam de formas muito diferentes e que será um exercício interessante entretanto desnecessário de tentar entender. Enfim, tudo a seu tempo. Eu sei. Por esse motivo te amo muito. Não mais e não menos que meus outros amigos. Plásticos, coloridos e comparáveis com animais selvagens, andrajosos, solitários, loucos, pagãos, católicos, evangélicos, ricos, pobres. Gosto de tudo...!? (com exceção do termo eclético e de etnocentrismos)
Aprendi com uma de minhas mães que tenho talento para ser gentista. Trouxe de algum antepassado que ainda não descobri qual a é paciência eterna para eliminar rancores através da comida. Tenho comido escondido na cozinha por vários desses cinzas dias.
Mas hoje sei que o mundo se torna um só - e não foi sempre? O mundo é, rapaz! Estamos sabendo de cidades sendo destruídas vorazmente por elas mesmas! Sim! A natureza é a única verdade que eu não ouso contestar. E sei que só existimos por que somos a própria. A Gaya e o Ícaro de meu nome. Posso ignorar isso?! Como?! Não venham me cobrar uma vida de vangloriações. À merda os reconhecimentos monumentais por punheta ideológica. Já passou! O que faço agora? Escrevo uma carta. Foda-se se os pensamentos me voam. Gosto de escrever para ti. Me sinto confuso e perturbado. Queria te beijar. Acho que tenho uma paixão comum um pelo outro, uma admiração que eu não sei de onde vem. Do amor, né? E não dá para prever as coisas que se sente. Tu me entendes. Estou sorrindo!
Para finalizar...
Nem tenho amigo de ouro para dar uma medalha no peito, para cravar com um ferro em brasa com minha química de maquilador de imperatrizes, sorridente. Preciso ter muito cuidado com certas vaidades. É por isso preciso o amigo, impreciso amigo, talvez amigos, de outro, outro eu, amigo. Tu és uma vértebra da minha costela que proteje minha bomba de sangre. Quando eu choro, quando me exalto, como a um personagem de uma família russa de séculos atrás descritas na imaginação um dia (mas que, seja sincero, poderia muito bem ser uma família da terra-firme ou de Cotijuba) e te dei por que sabia que quando passarias por cada trecho, uma união inconsciente, química e memorial se travaria, e o sorriso que deste talvez tivesse sido minha lágrima, e em algum outro sonho talvez o despeito, e em outro o medo, em outro um braço e membros posteriores, noutro um fio de cabelo branco nasceria formando um ser humano inteiro dividido único novo e velho boiando na dúvida do tempo...É assim nossa amizade: cheia de suposições.

Até logo. Saudade.

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