quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Geraldo tinha uma família morta enterrada no cemitério. No cemitério tinha gesso quebrado por todos os cantos. O lugar além de depósito dos desalmados, alojava também as antigas rodanas com formatos de pernas e braços com clavícula mais tronco junto à mordaça. Temo que as pernas se quebrem. Temo que a família deslanche. Temo mais é que sofrer. Geraldo tinha uma família desenterrada no cemitério: vai lá que é bom, vai rever que eles ainda têm carne. Cubículo é a nova moradia se é boa ou se é ruim mais parece arredia. Que calor nas costas de Geraldo, mais uma vez tremeliques de calor na costa de Geraldo. Geraldo não é um bom nome, é nome de comediante, não de alguém que inspire pra contar alguma história, ainda mais sobre a família enterrada ou desenterrada, tanto faz, todos nessa família não prestam. A mãe é uma possível mulher que vestiu saia a vida toda, mas também usou calças e bermudas pra comprar o que vivia e vestia, o pai idolatrava os gritos das noivas abandonadas na lua de mel, eu e Geraldo estamos aqui sem história, sem caderno, sem inspiração. Sem título, sem critério. Não te amo, Geraldo. Nem gosto desse nome, nem sei por que repito. Não, não, não era Geraldo era uma vez um cemitério onde morava uma patela que se chamava Geraldo. Ela pertencia a uma bibliotecária que quase nem andava direito, e caiu sobre seu próprio ventre matando a si e a seu filho que nasceria do seu marido que ela conheceria se continuasse viva. Mas tinha amantes essa bibliotecária. Basta.

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